quinta-feira, 25 de junho de 2009

O que deveria ser discotecar

Fábio

Independente da maneira de ser executado, o ato de discotecar é simples e tem apenas a pretensão de fazer com que as pessoas dancem e fiquem suadas durante o resto da balada. Há quem critique os métodos e aparelhagens utilizadas para essa tarefa, mas como não podemos parar no tempo (a música para continuar viva não respeita o suporte em que está apreendida) seguem abaixo minhas 5 dicas para ser um bom DJ:

1º > É saber exatamente o que tocar no lugar certo e na hora certa. Se não nasceu com o dom, tcháu! Ou tente e veja seu set acabar sem nunca conseguir fazer a disco perfeita!
2º > Não dar brecha pra ninguém vacilar no beat durante a dança, remelexo, maxixe ou mesmo o banguear na pista. Caso contrário, saia de cena e vá tocar seus lounge na casa do caralho!
3º > Imprescindível obter a satisfação total de seu público. Auto-explicativo.
4º > Não farofar no som, independente dos pedidos acalorados via mensagens escritas em editores de texto SMS nos celulares quase atirados a sua cabine pelos suplicantes inthadancefloor.
Lembre-se: NUNCA tocar músicas por pedidos de comemorações de aniversário, bodas ou qualquer tipo de comemoração! A aparelhagem e o poder de alterar o som ambiente é de sua maior e extrema prioridade no momento, portanto, não se deixe levar.

Ainda sobra fôlego pro último toque para os incautos no flow:
Ser o "Personal Jéza da rapeize" na radiola!



JPeg


Isso tudo é uma grande tolice, todas as vezes – Diria satisfeito o tio Carlos.


Não acordou exatamente diferente. Não acordou com um humor especial, tinha pressa, só isso. Abriu as cortinas enormes que comprou uns dias antes, brancas e transparentes, quase um véu. Tomou banho pensando em mil coisas, que deveriam acontecer naquele dia, mais ou menos como sempre. Outras exatamente como sempre. No metrô leu o último do Nooteboom, se coçando por dentro, mal notando o mundo lotado e barulhento em volta. Encontra um conhecido e já solta “notou alguma coisa diferente em mim?”, ele engole seco e procura com os olhos um em cada direção, até ameaça esticar o braço para sentir a diferença mas logo desiste. Abre a boca mesmo sem nada dentro ainda e ela o interrompe com um riso largo e satisfeito “tô brincando, eu não faria uma perguntar dessas a essa hora” e sai mandando beijo e rindo da cara dele.


O dia passa voando, a noite entra, o telefone dá uma trégua sem antes marcar uma balada com as amigas de sempre. Volta pra casa, banho, música, comida rápida, algumas providências, uma olhada no relógio, uma no espelho e tchau.


Quase meia noite e nada se transformou ainda, ouve Killers meio bored até que ouve uma voz familiar num intervalo riscado do disco. Era com ela, ri de nervoso, de ansiedade, de um monte de cócegas estranhas vindas dos olhos dos outros mas também da barriga. Pega na bolsa um Ipod, arregala o olho pra amiga como quem diz “tu podia ter me avisado”, as pessoas de pé na pista quase reclamam, se não fosse hoje reclamariam, ela olha o computador, as pickups e manda ver, não sabe se precisa soltar a mão do Klimt pra pegar a do Pollock, deixar o Clash pelo Interpol ou o Kerouak pelo Rubens Paiva, ou pelo Kundera, o Smiths, o Deftones, o Depeche Mode pelo Radiohead, pelo cara do blog vermelho ou pela Spalding tocando Hancock, ela passeia livre tocando as mãos de até ali e vendo a dança continuar e as referências tendo filhos ou morrendo, vendo as chances e areias correndo ao largo duma avenida alegre e agora mais leve, a cada riff, a cada refrão, contralto, solo solta um pesar, um medo, uma insegurança, um pesar que vira suor na testa dos outros, da sua. Olha pro relógio e já é hora de descer, “How soon is now” pergunta e sai com um riso largo e satisfeito.



Rob Ashtoffen


É como um performer sem apenas coordenando a performance dos outros e variados sons, bandas e solistas. Sempre tocando hits. O discotecar é uma administração de discos e de músicas, sempre sortidas para dançar. Disco está intrinsecamente ligado a dança. Não importa o estilo, importa o ritmo. E o ritmo tem de ser dançante, ou que pelo menos dê p'ra se mexer os quadris. Mas a discotecagem foi deturpada pelos tempos. Antes o DJ (Disc-jóquei) trabalhava com os bolachões, depois migrou p'ros CDs e agora trabalha como Chaplin apertando parafu...botões do seu Ipod. Onde está a aura do vinil? e do DJ? Discotecar é artesanal. Há uma seleção de cada som, cada bolachão, e era possível até fazer scratches . Mas e o Ipod? Matou a discotecagem? Claro que eu estou brincando de Escolinha de Frankfurt com pirulitos, e falando de aura e blá, blá, blá, mas sob esse viés o discotecar deveria ser um trabalho xamânico, um ritual, onde todos adorariam o mito daquilo que seria tocado. Quando vamos a uma festa, não sabemos qual música virá depois. E o que viria depois, sempre uma nova profecia do xamã DJ. Ele coordenaria os discos como cartas de tarô. Imaginem uma festa com Gandhi, Zé Pilintra e o Papa (podem convidar um rabino também). Imaginem um sincretismo de sons, de épocas e de mitos num só ritual. Isso deveria ser discotecar.



Braun


Vamos pra etimolorgia: discoteca vem do grego, (embora eu não consiga visualizar o Aristóteles remexendo junto com o mestre Sócrates), sendo a junção de dois termos: diskos, que é disco mesmo, e theke, ‘armário ou caixa’ – que também deu origem a palavras como biblioteca. Um bom DJ, então, antes de tudo deve ter uma boa ‘discoteca’, mapeando bem a miríade sonora presente e passada advinda das mentes mais insanas e debéis da indústria fonográfica. Certo que pra isso, é preciso ser eclético e aberto a todas as possibilidades musicais, pois mais importante que o flow dele é o do público do saloon. Saka?


PS. Se quiser saber mais, clique nos links abaixo


Definição de DJ na Wikipedia

Em portuga - http://pt.wikipedia.org/wiki/DJ

Em inglês – http://en.wikipedia.org/wiki/Disc_jockey


Pra ser um DJ de verdade, um programinha que ajuda

Baixe http://www.baixaki.com.br/download/Virtual-DJ.htm